Cortejo em Porsche e capela de cristais: empresas de serviços funerários apostam no luxo e se destacam no Paraná


Empresário conta que outro carro também foi adaptado para uma funerária pet. Empresa adapta Porsche Panamera para ser utilizada em cerimônias de enterro e viraliza
Empresas de serviços funerários do Paraná estão investindo alto para transformar o momento da despedida em uma cerimônia inesquecível, com muito luxo e sofisticação.
Um grupo de assistência familiar de Maringá, no norte do estado, decidiu inovar e adaptar um Porsche Panamera para ser utilizado nas cerimônias de enterro. O veículo foi usado recentemente no cortejo fúnebre da primeira-dama de Curitiba, Margarita Sansone.
✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp
✅ Siga o canal do g1 PR no Telegram
O Diretor do Núcleo de Serviços Póstumos da empresa, Rogério Sasazawa, afirma que os itens de luxo são incluídos em todas as etapas da cerimônia. Urnas funerárias com pedras chegam a custar R$ 50 mil, cita.
Em capelas funerárias do grupo, Sasazawa conta ser possível encontrar painel com cristais, lustres luxuosos, auditórios com cadeiras que custam cerca de R$ 4 mil cada e até piano de cauda.
“Isso é muito mais ligado à estrutura, muito mais ligado à qualidade. São itens de luxo, mas não representam o luxo para pessoas específicas”, afirma.
Detalhes de painel com cristais em uma capela
Divulgação / Grupo Prever Sul
Além de piano de cauda, capela para velórios conta com cadeiras que custam em média R$ 4 mil cada
Divulgação/Grupo Prever Sul
Nova visão de mercado
O diretor de comunicação do grupo, Roger Darici, afirma que há alguns anos atrás, empresas do ramo funerário eram vistas de forma pejorativa. De acordo com ele, o objetivo do grupo ao fornecer itens luxuosos é romper com essa visão.
“[Os sócios da empresa] Já vieram com uma visão muito disruptiva em relação ao segmento funerário. Eles já vieram com uma visão de empatia, uma visão de atendimento, de infraestrutura, de humanização… de oferecer para as famílias um atendimento digno”, afirma.
Ainda segundo Darici, a ideia de personalizar um Porsche veio para reforçar a proposta de inovação.
Posche Panamera foi adaptada para realizar cortejos funerários
Divulgação / Grupo Prever Sul
Sasazawa, explica que o veículo é itinerante. O Porsche circula pelas cidades em que a empresa possui unidades de atendimento e pode ser utilizado em todos os cortejos que acontecerem na cidade em que estiver.
“A gente não tem nenhuma priorização do uso, até porque o nosso raio de ação é muito grande. Nós estamos no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, então o carro nunca vai ficar em um local específico, ele vai rodar. A gente tem esse equipamento realmente para poder mostrar a nossa inovação, a nossa qualidade de trabalho”, explica.
LEIA TAMBÉM:
Assassinato sem corpo: Especialistas explicam como Justiça trata desaparecimento de adolescente grávida como homicídio
Saúde: Maringá confirma primeiro caso de mpox
Assista: Homem bate em viatura e tenta atropelar policiais após ser abordado por violência doméstica
Empresa do Paraná atende funerárias de todo Brasil
Kennedy Bacarin é proprietário de uma empresa especializada em adaptação de carros de luxo para cortejos funerários. Com sede em Cianorte, no noroeste do estado, a empresa atende funerárias de todo o país.
No início, a companhia personalizava limusines utilizadas em festas. Bacarin relembra que, em 2009, uma pessoa do segmento funerário comentou com ele sobre carros de luxos para cortejos.
“Eu até desacreditei. Falei ‘não vou ganhar dinheiro com a morte dos outros. Não quero fazer isso, não’. Ele falou ‘não, você não vai atender a família. Você vai atender os donos de funerária. Que eles veem que na Europa tem esses carros, Estados Unidos tem e no Brasil não tem’. […] Hoje esse cara é meu representante exclusivo no segmento funerário e me provou que realmente tinha esse mercado”, relembra.
Trabalho é quase artesanal
Empreendedor inova ao investir na adaptação de carros de luxo para cortejos funerários
Bacarin se lembra do primeiro veículo que adaptou: um Chrysler 300 C Touring, que chegou a ser eleito o carro funerário mais bonito do mundo e foi utilizado para realizar o translado de personalidades como Pelé e Rita Lee.
Com o passar dos anos, Bacarin afirma que a procura por carros funerários de luxo tem crescido cada vez mais.
“Hoje a gente chega a entregar de 70 a 80 carros por ano, mas no começo não era tudo isso”, diz.
O empresário explica que o trabalho de adaptação de veículos funerários é quase artesanal e pode levar de 60 dias até um ano. O serviço não é ofertado apenas para os humanos.
O empresário conta que recentemente adaptou um carro para uma funerária pet.
“A gente fez um Mini Cooper 100% elétrico, ou seja, com a pegada da sustentabilidade, e de luxo para uma funerária bem potente de Belo Horizonte. Então, esse mercado pet funerário também tá aumentando cada vez mais e a gente faz os carros”, destaca.
Veículo adaptado para realizar cortejos de pets
Arquivo Pessoal/Carros Funerários Procopio
Luxo para poucos
Suelen Pedroso, consultora do Sebrae, alerta que não são todas as empresas que conseguem migrar para o mercado de luxo.
“O mercado de luxo, ele já traz consigo uma característica de exclusividade, de pouco acesso. Isso não tem como despender para todos os segmentos e todas as áreas, porque a gente sabe que algumas já delimitam o seu trabalho por conta do seu perfil”, diz.
A consultora explica ainda que, ao investir no mercado de luxo, o empreendedor está trabalhando com a ideia de escassez e exclusividade do produto.
“As pessoas que consomem dentro de um mercado de luxo específico, elas sabem que não vão encontrar em qualquer lugar aquilo que elas querem, que elas desejam, que elas buscam. Isso dá uma ideia de que eu não trabalho com quantidade, eu trabalho com a exclusividade e a qualidade naquele determinado produto ou serviço que eu estou entregando”, explica.
Entre os desafios encontrados por empresários que migram para o mercado de luxo está o tipo de produto ofertado, diz a especialista. Isso porque nem todos os artigos de luxo são comprados com frequência.
“São pequenos ajustes que vão acontecendo dentro dessas empresas e que vão tomando conta dentro da equipe, para que atendam melhor esses clientes, para se certificar de que continuam dentro daquele padrão. E isso vai fazendo com que as vendas sejam recorrentes”, afirma.
Chrysler 300 C Touring adaptado para cortejos funerários.
Reprodução/Redes Sociais
Os desafios do mercado
Inovar no mercado funerário traz desafios particulares do setor. Afinal, as empresas atuam com um assunto delicado: a morte.
Roger Darici afirma que a decisão do grupo em investir em um carro de luxo até foi alvo de algumas críticas, mas que a maioria tratou a novidade com um tom muito mais divertido.
“É um veículo que não passa despercebido mesmo. A grande maioria das pessoas recebeu o veículo com humor. […] Obviamente tivemos críticas, pois no mercado estamos abertos à interpretação das pessoas”, relembra.
O mesmo aconteceu com Bacarin, que afirma ouvir diversas brincadeiras das pessoas quando elas descobrem os veículos que a empresa dele adapta.
“Críticas não, brincadeira sim. Tipo: ‘Pô, morreu, morreu. Para quê vou querer andar de Porsche?’. E eu falei: ‘Você não vai nem saber do que você tá andando, sua família que vai’. Mas nada de crítica, o pessoal fica é admirado”, finaliza.
VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR
Leia mais em g1 Norte e Noroeste.

Bookmark the permalink.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *