Condições precárias e fuga: o que se sabe sobre o asilo clandestino interditado após idosa fugir e pedir socorro


Vigilância Sanitária de Ponta grossa interditou o local no domingo (14). Polícia investiga se irmãs responsáveis pelo local já tiveram abrigos em outras cidades do Paraná. Idosa foge de abrigo para denunciar agressões, e vigilância sanitária interdita Instituição de longa permanência com 9 pessoas
Elessandra Amaral/RPC
O asilo clandestino com pessoas idosas que foi interditado em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, continua sob investigação da Polícia Civil (PC-PR).
O local foi fechado no último domingo (14) após uma idosa de 68 anos, que vivia no local, fugir do abrigo e pedir ajuda para vizinhos.
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Conforme apurou a RPC, sete idosos e dois moradores com idades próximas aos 60 anos foram encontrados na casa , que estava em condições precárias.
Duas irmãs de 52 e 46 anos, que trabalhavam no local como administradora e cuidadora, respectivamente, foram presas. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Romeu Ferreira, elas continuam detidas nesta quinta-feira (18).
Ainda conforme o delegado, há suspeita de ambas terem tido um estabelecimento similar em outra cidade do Paraná. Os nomes delas não foram revelados.
Leia, abaixo, o que se sabe sobre o caso e o que falta esclarecer sobre o caso:
Onde ficava a casa?
Como autoridades chegaram ao local?
Em que situação estavam os idosos?
De onde são os idosos?
Suspeitas tiveram outro abrigo?
Por quais crimes as suspeitas podem responder?
O que falta esclarecer?
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Onde ficava a casa?
Idosa foge de abrigo para denunciar agressões, e vigilância sanitária interdita Instituição de longa permanência com 9 pessoas
Elessandra Amaral/RPC
A casa ficava no bairro Uvaranas, em Ponta Grossa.
Uma vizinha ouvida pela RPC, e que pediu para não ser identificada, comentou que a casa estava sempre fechada e que quase nunca havia pessoas do lado de fora.
Na segunda-feira (15), a coordenadora da vigilância na cidade, Simone Patrícia de Barros, informou que as responsáveis pela casa não apresentaram nenhum documento comprobatório de que o abrigo tinha autorização para funcionar em Ponta Grossa.
Disse, também, que, pelo o que observaram no local, parecia que o abrigo ainda estava em processo de instalação.
Como autoridades chegaram ao local?
Câmeras mostram idosa fugindo de asilo clandestino para denunciar agressão e pedir socorro
De acordo com a Polícia Militar (PM-PR), Assistência Social do município e Vigilância Sanitária, a idosa conseguiu saiu da casa para pedir ajuda para vizinhos. A fuga dela foi registrada por câmera de segurança. Assista acima.
O pastor e missionário Fabiano Ribeiro do Nascimento foi quem acolheu a idosa. Ele estava no portão de casa conversando com um amigo quando ela chegou pedindo ajuda.
Segundo ele, a idosa estava com uma mala.
“Ela surgiu pedindo ajuda, relatando que tinha vindo um asilo. Estava bastante assustada, ela tremia bastante e começou a relatar uma história, que estava numa casa em que era muito maltratada e queria ajuda. Eu comecei a conversar com ela, para perguntar como eu poderia ajudá-la. Inclusive, acho que ela falava sobre não ser bem alimentada e era nítido que ela estava em um estado crítico”, relembra o missionário.
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Depois disso, a suspeita que atuava como cuidadora no local apareceu na casa de Fabiano, enquanto a idosa pedia ajuda, e se identificou como sobrinha dela. Segundo ele, quando a mulher apareceu, a idosa chorou e pediu para não ir embora.
O homem levou as duas de volta para a casa em a sobrinha alegava que elas viviam. Ao chegar lá, ele foi impedido de entrar e a suposta sobrinha agradeceu.
Paralelamente, uma vizinha contou à RPC que acionou a polícia depois de ouvir gritos de socorro dentro de casa.
Quando a polícia chegou ao local, constatou irregularidades e situação precária. Conforme o delegado, passava de 14h30 quando a ocorrência foi atendida e os idosos ainda não tinham almoçado.
Vizinha que chamou a polícia lamenta não ter percebido situação antes
RPC
Em que situação estavam os idosos?
Segundo Vigilância Sanitária, casa não tinha camas
Reprodução
Conforme a PM, quando as equipes chegaram na casa, encontraram a idosa que fugiu anteriormente deitada em um colchão no chão, precisando de atendimento médico.
De acordo com a Vigilância Sanitária, os idosos estavam sem comida, desidratados e alguns deles, feridos. Imagens da casa mostram, ainda, que havia pouca comida na geladeira.
Vigilância Sanitária avaliou que casa tinha poucos alimentos para a quantidade de moradores
RPC
A coordenadora da vigilância na cidade informou que a casa tinha oito colchões para os nove abrigados. No local também não havia nenhuma cama, de acordo com ela.
Além disso, um ponto preocupante avaliado pela vigilância é que a casa tinha uma escada. Segundo o órgão, construções assim não são permitidas em abrigos com pessoas idosas.
Outro ponto citado pela vigilância é que, para os nove moradores, a casa tinha dois banheiros.
A coordenadora informou, ainda, que nenhum morador estava com documentos pessoais, e as suspeitas também não apresentaram controle e receitas de medicamentos que alguns tomavam.
De onde são os idosos?
De acordo com o delegado Romeu Ferreira, os idosos são da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e as suspeitas também. A cidade exata de origem de todos não foi informada.
Conforme apurou a RPC, dos nove moradores, sete eram idosos. Outras duas pessoas tinham idades próximas de 60 anos, mas exigiam cuidados específicos.
Alguns dos idosos que estavam no abrigo afirmaram ser de Colombo, por isso, foram encaminhados ao município.
Em nota, a Secretaria de Assistência Social de Colombo informou, na quarta-feira (17), que de nove idosos acolhidos, três permaneciam em instituições da prefeitura.
Além disso, a pasta informou que os demais idosos foram encaminhados para os familiares e serão acompanhados pela rede de proteção da cidade.
Suspeitas tiveram outro abrigo?
De acordo com o delegado Romeu, a polícia trabalha para confirmar se as suspeitas tiveram outro abrigo nos mesmos moldes do que estava operando em Ponta Grossa.
De acordo com a coordenadora da vigilância de Ponta Grossa, no dia que os idosos foram localizados, as autoridades que foram até a casa apuraram que as suspeitas tiveram um estabelecimento nos mesmos moldes em Quatro Barras, na RMC, e o que o local foi interditado em novembro de 2021.
Por quais crimes as suspeitas podem responder?
À RPC, a policia disse que as mulheres podem responder por vários crimes, entre eles agressão e falta de cuidados de idosos.
A mulher tentou se passar por sobrinha da idosa pode responde, ainda, por falsidade ideológica.
Os crimes que elas podem ser acusadas devem ser indicados no indiciamento da Polícia Civil (PC-PR).
O que falta esclarecer?
Ainda não há informações oficiais sobre:
Cidade de origem de cada morador do abrigo;
Quando eles efetivamente chegaram em Ponta Grossa;
Se eles estavam no local de maneira compulsória;
Se as famílias dos moradores tinham conhecimento das condições a que eles estavam submetidos;
Se há algum outro suspeito envolvido na administração do abrigo;
Se as suspeitas presas já agiram da mesma forma em outras cidades.
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